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Corpos Divinos

Memórias romanceadas ou, nas palavras do autor, “biografia velada”, este livro singular reconstitui de modo vívido e inventivo dois anos decisivos da vida do cubano Cabrera Infante e da história de seu país. Entre o início de 1957 e os primeiros meses de 1959, a existência do autor sofreu várias reviravoltas, e Cuba experimentou sua mais profunda revolução. A maneira como são narradas as turbulências do período põe em evidência todas as qualidades que tornaram Cabrera Infante admirado mundo afora: a elegância da escrita, que flui entre a dicção refinada e o registro popular, os saborosos jogos de palavras, as referências literárias, musicais e cinematográficas, o humor irônico e um onipresente erotismo. Trabalhando em Havana como jornalista, o narrador, nunca nomeado, participa lateralmente do movimento clandestino pela derrubada da ditadura de Fulgencio Batista, enquanto nas serras Fidel Castro e seus companheiros avançam com sua guerrilha. Mas, de início, os fatos políticos são apenas o pano de fundo das aventuras e desventuras amorosas e profissionais do protagonista. Conforme se aproxima a queda de Batista, com a consequente tomada de poder pelos revolucionários, a história política vai assumindo o primeiro plano, uma vez que o protagonista-narrador é engolfado pelos acontecimentos, chegando a dirigir a revista de cultura do jornal oficial do novo regime, Revolución, e a acompanhar a delegação de Fidel Castro em sua primeira viagem internacional como governante, aos Estados Unidos, ao Canadá e à América Latina. No relato lúdico e saboroso do autor, vemos flagrantes nem sempre muito lisonjeiros de personagens ilustres, como Hemingway, Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Alec Guinness e o próprio Fidel, a par de retratos líricos ou impiedosos de jornalistas, cineastas, prostitutas, escritores, guerrilheiros, cantoras de cabaré e toda a fervilhante fauna humana de Havana.